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Penso, talvez de maneira fantasiosa, que meu exagero na falta que sinto das coisas começou aos meus cinco anos de idade, quando me mudei com meus pais de Belém do Pará para o sul do país, no ano 2000. Ali, naquele instante em que chorei quando me despedi da família, minha saudade destampou pra nunca mais sarar.

Em 2012, aos 17 anos, fotografei pela primeira vez na casa de minha avó materna, onde vivi grande parte da infância. Minha família era tema das fotos que fazia sem nem pensar no porquê de fazê-las. Comecei a registrar a infância das minhas primas e primos como se minha própria criança passasse em frente aos olhos. As fotografias daquele lugar são como as lembranças que já não tenho mais, mas que por algum mistério jamais deixaram de me apertar o peito.

 

I think, perhaps fantastically, that my exaggeration of my lack of things began at the age of five, when I moved with my parents from Belém do Pará to the south of the country in the year 2000. There, at that moment I cried when I said goodbye to my family, my longing uncovered to never heal again.

In 2012, at age 17, I first photographed at my maternal grandmother's house, where I lived most of my childhood. My family was the subject of the photos I took without even thinking about why to take them. I began to record the childhood of my cousins as if my own child passed before my eyes. The photographs of that place are like the memories I no longer have, but which by some mystery never ceased to clutch my chest.






Série selecionada no Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia 2020.

Série exposta no Museu do Estado do Pará em Dezembro de 2020.

Series selected at the 2020 Prêmio Diário Contemporâneo de fotografia.

Series exhibited at the Museum of the State of Pará in December 2020.